quinta-feira, 5 de março de 2009

Sindicato diz que não será usado por empresários e descarta greve

Em um lance de desespero, após verem cair por terra todos os argumentos usados para justificar um reajuste de 12% nas tarifas do transporte coletivo, as empresas resolveram apelar. Após a malograda planilha de custos, que de tão inconsistente, não foi suficiente para "sensibilizar" a prefeitura a decretar o aumento, Gidion e Transtusa partem para o ataque: a ordem agora é pressionar nem que para isso seja necessário falar até de greve no sistema. Porém a estratégia, mais uma vez, não encontra respaldo nem mesmo entre o sindicato dos condutores.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transportes Rodoviários de Passageiros de Joinville e Região, Rubens Müller, afirmou que a entidade não será usada pelas empresas. Ele também descartou uma suposta greve, conforme ‘plantado’ deliberadamente.
"O Sindicato não tem nada a ver com a discussão da tarifa. Nós vamos começar a discutir salários somente a partir de abril", confirmou. Ele não concorda que o nome do sindicato seja usado em discussões que só dizem respeito a empresas e à prefeitura. Segundo o Müller, na última polêmica sobre o reajuste das passagens, em 2005, o então prefeito Marco Tebaldi o chamou para saber qual a posição do sindicato frente ao assunto. "Ele chamou, mas eu não fui porque esse tema não faz parte da nossa discussão", lembrou. "Nossa luta é apenas salarial. O resto é briga de cachorro grande", arrematou.
Müller lembrou que a data-base da categoria é em maio e que, portanto, o discurso pífio utilizado pelas empresas durante esta semana não é verdadeiro.
Está cada vez mais difícil comprovar necessidade de aumento

Nos últimos três meses, um assunto de grande relevância deixou de ser tratado entre quatro paredes e passou a ser amplamente debatido, agora não somente por empresários e prefeitura, mas também pela população.
As discussões sobre o transporte coletivo ganharam as ruas e literalmente caíram na rede. Há poucos dias a prefeitura tomou a iniciativa de divulgar na Internet a tão misteriosa planilha de custos das empresas que, pelo que tudo indica, não será suficiente para convencer o prefeito Carlito Merss (PT) a conceder o aumento pretendido pelos empresários do setor.
A estratégia de Carlito de debater o tema com a sociedade até a sua a sua exaustão aparentemente enfraqueceu o movimento patrocinado pelas duas empresas.
Simultaneamente à divulgação da planilha, a prefeitura criou o blog "O nosso coletivo" (http://onossocoletivo.blogspot.com), pelo qual promete levar todos os questionamentos para que os técnicos da Secretaria de Infra-estrutura (Seinfra) e das duas empresas permissionárias do transporte coletivo (Gidion e Transtusa) esclareçam as dúvidas dos usuários.

Para Carlito, planilha está superestimada

Em artigo publicado no último dia 16 no tabloide "Notícias do Dia", o prefeito Carlito Merss afirma que a planilha apresentada pelas empresas nunca "bateu" com o relatório paralelo elaborado pela prefeitura. Ou seja, a planilha estaria superestimada. Segundo ele, é nessa diferença que pode ser resolvido o impasse.
De acordo com informações repassadas pela assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Infra-estrutura, as diferenças entre os dois documentos já vêm sendo verificadas há vários anos. O que os técnicos da secretaria estão fazendo agora é analisar detalhadamente todos os cálculos para que não paire nenhuma dúvida quanto ao índice final levantado pela prefeitura e que será usado como contraponto aos números apresentados pelas empresas.
Pesa também contra o aumento das tarifas do transporte coletivo a divulgação de um estudo que comprova que enquanto nos últimos doze anos a inflação oficial foi de 132,4%, o reajuste concedido às empresas pelo então prefeito Luiz Henrique (PMDB) e seu sucessor Marco Tebaldi (PSDB) acumulou 241,6% penalizando o usuário do transporte coletivo joinvilense.
Mesmo sem cobrador, Gidion e Transtusa querem se igualar a outras cidades
Se forem avaliadas minuciosamente as razões apresentadas pelas empresas Gidion e Transtusa para arrancarem um aumento de 12% nas passagens do transporte coletivo, o argumento mais absurdo é o que tenta igualar a situação de outras cidades que recentemente concederam o reajuste com a realidade de Joinville.
Um dado importante que as empresas fazem questão de omitir é que em todas as outras cidades ainda existe a figura do cobrador de ônibus, diferentemente de Joinville que, em 2001, eliminou da noite para o dia mais de 500 postos de trabalho, repassando essa função aos motoristas e punindo o usuário com a tarifa embarcada.
Em Florianópolis, por exemplo, há cinco empresas que atendem os usuários do transporte coletivo, existem ainda mais quatro que transportam passageiros dentro da região metropolitana. Com passagens custando entre R$ 1,40 (social) e R$ 2,70, o reajuste das tarifas foi concedido pelo prefeito Dario Berger (PMDB) em 18 de janeiro deste ano. Segundo dados do Sintraturb, além dos motoristas, as empresas do transporte coletivo da capital empregam cerca de 1.800 cobradores, que recebem um salário de R$ 731,02 mensais por uma jornada de 6h40 por dia.
Em Blumenau, a realidade não é diferente. Desde o dia 17 de janeiro, as tarifas foram reajustadas pelo prefeito João Paulo Kleinübing (DEM) para R$ 2,30 (passagem única). Na cidade do Vale do Itajaí, operam três empresas que empregam cerca de 400 motoristas e 400 cobradores. De acordo com o Sindetranscol, cada cobrador recebe um salário de R$ 616,00 por uma jornada de 7 horas por dia.
Com passagem valendo R$ 2,00, em Londrina (PR) operam duas empresas que empregam cerca de 800 motoristas e 400 cobradores, estes últimos trabalham até as 19 horas. O salário pago a cada cobrador, segundo a Companhia Municipal de Transportes Urbanos (CMTU), é de R$ 845,00 por uma jornada de 6 horas diárias.

Leia os comentários em: http://gazetadejoinville.blogspot.com/2009/02/para-forcar-aumento-empresas-inventam.html

Fonte: Jornal Gazeta de Joinville - 26/2/2009 - Contribuição do internauta Castro em 4/3/2009

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